Café para Viagem

Se hoje as pessoas levam o café tão a sério (e o verbo levar aqui tem duplo sentido, já vou avisando…), uma parcela de culpa é do americano James Freeman. Músico por anos, Freeman sempre esteve acostumado com a vida passando pelas estradas dos Estados Unidos – o que significou anos de comida ruim e café de baixa qualidade. A comida ele até aturava, mas as xícaras de café precisavam melhorar, pelo bem da sanidade de Freeman.

Além do clarinete, passou a carregar nas andanças um kit para preparar os grãos de café que torrava em casa mesmo, numa assadeira: um moedor manual Zassenhaus e uma prensa francesa Bodum. Mesmo que a viagem fosse por avião, Freeman estava lá, com o instrumento numa maleta e os apetrechos para o café em outra. Em 2002, largou de vez a música (pelo menos profissionalmente) e resolveu se dedicar a outro instrumento: um pequeno torrador de café que instalou na garagem de um amigo em San Francisco, e assim abriu sua coffee shop, batizada de Blue Bottle Coffee.  Nascia aí um das marcas mais importantes para a cena do café na Califórnia – e, mais recentemente, em todos os Estados Unidos.

Alguns anos depois, uma outra marca nascida em Seattle, também na Costa Oeste americana, popularizou o coffee to go – a dose de cafeína para viagem. Com uma sereia desenhada no seu rótulo verde, a Starbucks tornou um status para uma nova geração de bebedores saírem das lojas com seus copos com uma boa dose de café, mesmo que ainda misturada a leite, caldas e outros muitos sabores. Recentemente, a empresa americana que dominou as esquinas das cafeterias no mundo todo criou até uma embalagem feita de papelão com forma de galão em que é possível carregar quase 3 litros de café.

Com a chamada Terceira Onda do café, os consumidores estão buscando experiências mais satisfatórias com a bebida, com preparações mais rigorosas e melhor qualidade dos grãos – tudo em busca de tomar uma xícara melhor. E a evolução do café para viagem é mais que bem vinda nesse contexto: ninguém tem que ser obrigado a consumir aquele café das máquinas de empresa, que soltam pelo jato uma espécie de água suja fervida. Ou então ter que aturar o espresso da padaria da esquina, com os grãos queimados.

Queremos preparar/tomar os bons grãos que compramos da Etiópia ou da Costa Rica onde quer que estejamos: na mesa do escritório, no parque, no banco da praça, na casa da sogra. Ou até na poltrona do avião, como bem nos ensinou James Freeman, um cara de espírito livre até no nome. Viva os cafés para viagem e viva as viagens com café.

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100% produzida no Brasil, a Pressca é uma cafeteira que quer revolucionar a maneira como as pessoas consomem café. Com design inovador, ela permite o preparo simples e rápido onde quer que você esteja – basta um pouco do pó de sua preferência e água quente. Leve, portátil, sem necessidade de eletricidade, é a prova de qualquer momento em qualquer lugar pode ser perfeito para preparar seu café.


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Rafael Tonon

Rafael Tonon é jornalista especializado em gastronomia e amante (e produtor) de café. Escreve para diversos veículos no Brasil e no exterior sobre comida, bebidas, tendências e boas xícaras. É colaborador do Eater (www.eater.com), o maior portal de gastronomia dos EUA, e também escreve para veículos especializados em café, como a cultuada revista nórdica Standart.